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Marisa Santos
23 mar 2022

“Altiva e couraçada de desdém,

Vivo sozinha em meu castelo: A Dor!

Passa por ele a luz de todo o amor…

E nunca em meu castelo entrou alguém!”

(Florbela Espanca)

 

A solidão é dor, é sofrimento muitas vezes camuflado. É viver no vazio de se sentir só, sem saber por vezes, o porquê. Solidão é chegar a casa e não ter alguém à sua espera ou imaginar que o tem, mas não existe. É ouvir apenas os próprios passos no chão de sua casa, todos os dias. Solidão engana e é disfarçada por muitos que com ela vivem, ou porque por um lado, foi sempre este o sentimento que conheceram ou porque, não se conseguem libertar dela.

A solidão vem maioritariamente com a escuridão da noite, onde embala muitos dos que se sentam nos seus cadeirões em casa, a chorar em silêncio e a aguardar que o dia termine e nasça um dia diferente. Permite sonhar e imaginar com aqueles que já partiram mas que deixam muita saudade; com os tempos outrora que são deslumbrados por muitos como sendo mais felizes; com a chegada de uma carta, de um telefonema ou da visita daquele familiar e/ ou amigo que já não os procura mais.

Solidão é angústia, de desejar continuar a viver, mas não tão só. Sim, solidão é muitas vezes pensar em desistir, desistir da vida que já não nos completa mais. É sentar no banco do jardim, observar os outros e mesmo assim, sentir um vazio e eco dentro de si. Solidão é o sentir as longas e longas horas dos seus dias a passar, mas viver com a esperança de que o dia seguinte será o nascer de um dia melhor.

Se de alguma forma se identifica com este tipo de situação, saiba que não está só! Mudar um pouco a rotina diária, procurando arranjar um hobby, inscrever-se na tal atividade de música, pintura ou artesanato que sempre idealizou mas nunca chegou a concretizar, ou desafiar-se a integrar um grupo de voluntariado na sua zona de residência, poderão ser algumas estratégias para combater a solidão. Porém, será também importante aprender a lidar com o sofrimento e angústia sentidos, podendo fazê-lo junto de um Psicólogo.

 

Marisa Santos

23 de março de 2022

 

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